1. |
Verde escuro
03:46
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Verde escuro
2018. enquanto o futuro se esconde
ali atrás, ao redor
sem saber se se pôr a andar
pergunto-me se a coisa é devagar
pergunto-me se vai rápido demais
e é
as vezes alguma coisa se agitará
e surda como um toque
dentro da caixa forte
irrompe por conclaves sós
e propaga a nuvem de pó
e é
a rolha roída do rei da russia
revestiu-se de rock 'n roll
a russia revestiu-se de rock 'n roll
e a rolha roída do rei
é...
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2. |
Meio-dia
03:38
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Meio-dia
Cor sugada pelo calor
este mundo em giro
dentro do polarizador
assistido pelo indicador
enquanto o abrigo aguentar
o verão permitido
impressões do que é factual
na frente fría
serão vistas nos jornais
serão vistas nos jornais
e os gradientes não são
nada que se diga
se o alvo for potencial
como assumido
versões do que foi actual
e da lente limpa
serão vistas nos jornais
serão vistas nos jornais
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3. |
A era do reactor
04:43
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A era do reactor
Quatro da tarde em relógio de sol
cortam-se as vias na estrada de pó
quando a nortada invade é feroz
e nada a agarra, parte-se-me o coração (nada a vai interpor)
e não digo nada
não faço nada
só controlo as emoções
sigo em pesada passada
sigo o trilho que se me colocou
sigo em passada pesada
assumida
isto ocorreu-me ontem, em
que a miragem não passou
da letra do pagem
muitas horas de árduo labor
e eu não vi nada
e não sei de nada
e não sinto nada
fontes reportaram que algo mudou
quando o algoritmo calculava o calor
vinda na linha da frente que foi
velocidade limite
na era das reacções
na era das reacções
na era do reactor
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4. |
Mácula lútea
07:18
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Mácula lútea
Face ao que ficar / seja lugar / seja país / seja país distante
sem meridião / setentrião / dos arredores / do nadir vê-se o zénite
e a retina foca mais atrás, bastante mais / bastante mais lá mais dentro
as indicações / insinuações / informação / da hora corrente
vá minuto vai / segundos passam / devagar / é matéria da mente
vá segundo vai / minutos contam / ao pingar / são matéria da frente
são indícios / de um rumor / de um eco / do que um pássaro contou
e faz lembrar que a escala / agita o ar / e muito mais na corda do tempo
quando a luz chegar amanhã / quando a luz chegar amanhã
quando a luz chegar amanhã / quando a luz chegar amanhã
quando a luz chegar amanhã
soprarão ventos do rigor
da invernia que ficou
aqui. é-me igual
sala escondida / corredor / como um homem / sigo um som
alcançável / súbito / ilegal / esdrúxulo
sai da sombra vai / em ricochete / em rota / circular
e se não voltar / o espaço então / familiar / renega-o
não te deixes estar / o espelho toma / o teu lugar / quando menos pensas
ar reflecte ar / a vida sopra o que restar / ou estou só ao vento?
ala vazía. interior
de um vasto átrio. interior
a mim. é-me igual
e não sinto nada
não sinto nada, meu
eu não sinto nada
eu não sinto nada
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5. |
Demo
05:07
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Demo
Eu vim dum sol
longe daqui
e não voltei
nem me perdi
tenho controle
dentro dum chip
dentro de mim
se por vezes há ingerências a medir
se por vezes há interferência a seguir
por vezes não há nada para assumir
por vezes não há nada para assumir
e estou com sede
e estou com frio
vi um anzol
quase o mordi
a água-mole
não me furou
mas durmo só
no meu jardim
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6. |
Lusco-fusco
05:00
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Lusco-fusco
Se algo se escapou
à vista. quando foi
que a hora mudou?
quando é que foi?
enquanto houve vigor
enquanto havia humor
ou o ouro é valor
ou o louco ri
por portas e portais
nada mudou
portões e nada mais
separam-nos
no tempo dos milhões
não dá para dar
a semente que sobrou
a quem precisar
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7. |
Balorama
06:41
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Balorama
Nem penses que marte tem
um rosto simiesco a olhar
ou meio homem fora o grão
vagamente ralo
vagamente liso
vagamente hirto
espanta-me uma vez
diz que foi abril
e as moscas volantes
irão subsistir
sem interceder
digo o que vem de ti
de dentro do túnel
do canto vazio
do canto vazio
segui um cordão
um arame com o fim
atado nas pontas
de um fino fio
é hora de acordar
os asteróides filam
se ao menos dá que pensar
o tempo que traz o frio
com o horizonte a dobrar
quando o céu desencobrir
vagamente basso
vagamente vidro
certamente vidro
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8. |
Em dó
03:26
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Em dó
Cedo que baste ao bater do sol
é ciclo ou devir
a linha de terra, o rol
perante o vazio
que prenuncia o melhor
tem dó
faz das tripas coração, amor
que a hora há de vir
e o palco é frio sem nós
e nada te diz
que a voz que te fala a sós
tem dó
se a dívida tudo levou
a fortuna cai
no dia em que opera a mó
e o império vai
perder-se nas rotações
sem dó
em dó
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Bernardo Devlin Lisboa, Portugal
Singer, songwriter, soundtrack composer.
Co-founder of experimental project Osso Exótico which he left in 1991.
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